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A ALIMENTAÇÃO EM PORTUGAL NO SÉC. XVI

  Tempo de leitura: 16 min Estamos a atravessar um século de grandes convulsões, mas também de grandes conquistas. Estamos a partir para a conquista do novo mundo. Vamos conquistar Goa, Malaca, Brasil, entre outros. Irá existir uma crise de sucessão com a morte de D. Sebastião. Vamos perder a independência por algumas décadas. Continuaremos a viver num país onde o conhecimento, a cultura e o dinheiro estará na posse de uma minoria. Só para termos uma ideia, em 1878, quase 80% dos portugueses maiores de 6 anos não sabiam ler, imagine-se 378 anos antes! (RUI RAMOS,1988) . A alimentação e as suas tradições são um legado de milhares de anos. É um organismo vivo, em constante mutação.  Os vestígios deste tempo, na alimentação, não são tão tangíveis como em outras artes, que nos deixaram um legado vasto e palpável como pinturas, objetos ou monumentos. Apoioar-me-ei, portanto, em escritos produzidos pelas elites de então.  Este texto é uma análise genérica sobre os produtos, háb...

UM ALMOÇO NO PULMÃO ALENTEJANO - CHEFE CARLOS TEIXEIRA

  Tempo de leitura aproximado: 9:20 min. "Alentejo, Alentejo, Vastidão de Portugal Futuro, continental! Terra lavrada, que vejo A ser mar mas sem ter sal."                                                                            in Diário III, in Coimbra,3ª Ed.1973,p.157 Este poema será, provavelmente, a descrição mais fotográfica do Alentejo que conheço, pelo punho do consagrado Adolfo Rocha, para uns e, para outros, Miguel Torga. No entanto, hoje, a poesia é outra! Todas as desculpas são válidas quando se trata de levar o meu esqueleto a passear ao Alentejo e, desta feita, não houve como negar a oportunidade de almoçar num dos mais recentes estrelados de Portugal: Herdade do Esporão.  Destas terras, anualmente, saem milhões de litros de ouro, digo, azeite e vinho.  ...

PLANO EM PLENO - CHEFE VÍTOR ADÃO

          Foi no ano de 2008 que conheci Vítor, na competição Taça Jovens Cozinheiros , em Lamego. Desde então, os caminhos foram-se mantendo - entre pratos e conversas - paralelos.       Hoje, Vítor,  divide-se entre o seu trabalho no Plano e a curadoria na rede Tabernas do Alto Tâmega. Nos intervalos cultiva os seus legumes, em Chaves, para os servir, ora frescos, ora fermentados, no seu restaurante.      Nestes dias tive - finalmente- a oportunidade de conhecer a sua cozinha, mais amadurecida, naquele que é o seu Plano na forma de restaurante, dentro de um oásis quase grego, em plena Lisboa -  Dona Graça Lisbon Apartments .       Já tinha esbarrado em várias considerações sobre o restaurante, mas quase sempre escritas e publicadas pela decrépita crítica viciada, na imprensa das palavras em saldo, respectivamente.       Ou seja, a melhor conclusão é ir. E fui. O chefe - V...

A REFEIÇÃO NAS COMUNIDADES MONÁSTICAS DO SÉC. XVII - PARTE I

     É um tema relativamente bem estudado, mas com muitos atalhos e caminhos interrompidos. Nesta viagem aos anos de 1600 até 1699 procuro perguntas e respostas sobre os hábitos alimentares das comunidades monásticas europeias, com enfoque particular nas portuguesas. É uma escavação que tem tanto de atraente como de complexa.      As comunidades monásticas viviam para orar e trabalhar. Qualquer mosteiro que pertencesse a esta ordem seria obrigado a seguir um conjunto de diretrizes descritas na constituição da regra de São Bento. Escrita no séc.VI e profusamente seguida e aplicada nas comunidades monásticas europeias, principalmente pós séc. X, tornou-se a maior ordem monástica do mundo.      O clero, não obstante, o conforto que já gozava para a época, possuíam uma importante função/missão social como, por exemplo, alimentar os pobres e doentes. Está bem explícito na constituição o dispenseiro terá cuidado de preparar cada dia panella de cald...

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