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Mensagens

CHEFE NUNO DINIZ

Chefe Nuno Diniz. Fonte: Revista Sábado Capa do livro. Fonte: Âncora Editora Foi apresentada no dia 2 de Dezembro de 2024, na EHTL, a obra mais recente do Chefe Nuno Diniz.  Escrevi, orgulhosamente, um dos três prefácios, com a companhia de Sónia Alcaso e o Chefe José Avillez. A inquietude do pensamento ou a materialização da profundidade humana: As palavras. Agostinho Da Silva, Raúl Brandão, Professor Adriano Moreira e Bob Dylan são evocados, com mais ou menos expressão. Aqui e na obra. A melhor solução é comprar. Chefe para uns, Professor para outros. Na comunidade sempre foi acarinhado, venerado. Fora, nunca unânime, muito menos compreendido, mas sempre coerente, feliz e orgulhoso do seu percurso (e com razões para tal).  Este conjunto de perguntas e respostas que se faz publicar não são sobre o livro, mas sobre o homem, sobre a vida, sobre a história, sobre o presente ou então sobre tudo. A melhor solução é ler. Durante o período Romano os subprodutos da uva, do mel, do ól...
Mensagens recentes

A BROA DAS CORTES - COVILHÃ

Cortes do Meio, Covilhã  Novembro, 2024 A padeira e o forno      Um típico cão de loiça bem aperaltado e sossegado recebe-nos para uma chávena de café no estabelecimento da aldeia, o “Café do Terreiro”  dois dedos de conversa depois com a Sra. Célia, descubro inusitadamente, um tipo de pão que desconhecia - a broa das cortes!  O cão da boa tradição lusa      Curiosamente só é produzida uma vez por semana. Por sorte estava no sítio certo, no dia certo. Na noite seguinte, ainda os galos dormiam, o relógio da capela marcava as três horas em ponto e já descíamos ladeira abaixo, guiados por uma pequena lanterna e pela esperança de encontrar a padeira da aldeia no seu labor.  As ruas da madrugada           A calçada irregular não permite distrações, ainda que por vezes se possa levantar o olhar e perceber que ainda há fumo em algumas chaminés. Um ou outro cão ladrando, desconfiados à nossa passagem. Não é uma pada...

15 ALHEIRAS, 15 ALDEIAS - CHEFE NUNO DINIZ - SEZELHE

Sezelhe, 28 de abril de 2024 A memória é um lugar.      Por apreço, admiração e com gratidão aceitei o convite do meu amigo Ângelo Paupério para constituir um pequeno grupo de pessoas, desde de que aprumadamente alinhadas procurassem distinguir a comida do alimento.      Constituído o grupo, seguimos juntos para uma viagem de cerca de 150 quilómetros. Parámos no centro de Montalegre. O tradicional café, no tradicional estabelecimento, com o tradicional aroma a mofo. Sempre que vou para o interior é um prazer sentar-me nestes cafés e, como bom português costumeiro, ouço as conversas. Fala-se do que é importante: no gado, nas sementeiras e nas colheitas. Pensa-se no que é real.      Está frio e nublado. O sol espreita tímido. Compram-se as últimas cebolas, antes do almoço.      Dali a Sezelhe são mais uns minutos de carro que percorremos com a mesma lentidão dos nossos olhos deslumbrados por tamanha beleza destas paisagens transm...

WE ARE BACALHAU

  “Of course, we are Fado. We are bacalhau!”   Esta foi a célebre frase do nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 18 de Setembro de 2023, aquando da sua visita ao Canadá, mas será mesmo assim? Fotografia: Vasco Pinhol O que é isto de comida e identidade? As pessoas comem cultura. A comida deve ser, por isso, interpretada como uma construção cultural, será o elo entre uma determinada comunidade em determinada geografia. Não ingerimos tudo o que é possível ingerir. Selecionamos de acordo com a nossa cultura, educação, meio ambiente. Será um complemento ou uma integração? Uma representação do quadro social a que pertencemos? Ou apenas convenções que se foram transformando numa memória cultural e uniforme, num espaço quimérico? O culto ao bacalhau, protagonista deste texto, está enraizado nos nossos habitus culinários, que se formou pela incorporação, ao longo de centenas de anos. Segundo Gordon Shepherd , neurocientista americano, estas combinações q...

IDENTIDADE E NACIONALISMO

Rua da cidade do Porto Identidade ou o movimento nacionalista O conflito entre várias regiões que disputam a criação de determinada iguaria ou prato, é comum. Esses pratos têm, por norma, um significado étnico ou simbólico, e representam aspirações territoriais e matéria prima local, que podem ser ou não exclusivas de uma só região.   Liora Gvion , antropóloga e investigadora no Kibbutzim College , em Tel Aviv estabelece uma clara interconexão entre o discurso político e culinário, e ensina que os alimentos tradicionais estão igualmente ligados ao acesso às terras, à sua propriedade privada assim como à identidade nacional.    Para Michaela D.S , investigadora na Universidade de Princeton , (que também escreveu uma dissertação sobre a política e a moralidade ética em torno do foie-gras, em França e nos Estados Unidos, cuja leitura recomendo) e o nacionalismo usa alimentos para promover um senso de identidade nacional e afeta a maneira como os membros da comunidade...

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